Carta aberta ao Dr. Gentil Martins

CARLOS AGUIAR GOMES    17.07.17

No passado dia 15 v. Ex.cia deu uma entrevista ao “ PÚBLICO “, que li com a maior atenção, proveito e agrado.
Também vi logo que tal entrevista iria levantar um clamor dos furiosos e encarniçados defensores do “ pensamento único “. O que aconteceu e está a acontecer.
Não tenho o privilégio de o conhecer, a não ser pelo eco da sua magnífica obra como médico, reconhecida nacional e internacionalmente. Que fique claro. O que me move a escrever-lhe publicamente, é mostrar que não posso admitir o medo e a ameaça como forma de calar quem não concorda com “ estudos” , de “ teorias” discutíveis ( não fossem isso mesmo, teorias!) e de lóbis aguerridos .
Estas reacções fazem-me recuar aos tempos e regimes em que o pensamento era obrigatoriamente , ditatorialmente imposto e cuja discordância era imediatamente perseguida sem dó nem piedade. Como agora nos estão a ameaçar. Para quem não “ vai” nessa onda, … ameaças e queixas… 
Estupidamente, pensei que esse tempo do passado , que vigorou em vários países durante o século XX e deu origem aos ismos que mataram milhões de pessoas , a maioria delas porque pensavam pela sua cabeça , já tinha passado e pertenceriam à arqueologia do pensamento tirânico. Enganei-me! Está aí e , tal como no passado, usa a força e o poder de um poder fraco, débil e que tem medo do pluralismo. O pluralismo incomoda os candidatos a tiranos. E o povo cala estes atentados…
As reacções à entrevista que deu são de grupos que se pensam detentores da verdade política e societal e ai de quem ouse não “ ler pela sua cartilha”!
Penso que a liberdade que nos trouxe o 25 de Abril, que prometia a liberdade de expressão, de todas ( excepto algumas!... ), como diz o nosso povo, “ foi chão que já deu uvas “. Basta ver que o Senhor, homem culto, informado, ponderado e sábio está a ser vítima da opressão ideológica desses grupos extremistas e fanáticos que não admitem que alguém pense e fale sem a sua concordância. Recuamos em termos democráticos e de  liberdade de expressão. Recuamos e muito. A tirania ideológica está aí. Perante esta agressão, temos de fazer frente e cantar “ que não há machado corte  a raíz ao pensamento”. Sim, Senhor Dr. Gentil Martins , não podemos deixar que qualquer “machado” nos corte o pensamento. “Somos livres, somos livres!”. Que este grito que ajudou a preparar a revolução de Abril, volte a ecoar no nosso país.
A sociedade portuguesa tem de se levantar de novo para impedir , já , que uma  nova ditadura venha agredir a liberdade de pensamento e de o exprimir publicamente, pelos meios que quiser. 
Não se cale, Dr. Gentil Martins!
Peço-lhe que aceite os meus melhores cumprimentos de gratidão e pela coragem exemplar que demonstrou na referida entrevista. Bem haja!
O cidadão eleitor, defensor da liberdade de pensamento
Carlos Aguiar Gomes

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