O país está vivo!

Raquel Abecasis  
RR online 14-03-2011 11:09

A manifestação do passado sábado veio provar que a classe dirigente e os comentadores nacionais estão completamente errados na visão que têm do país.

As centenas de milhares de pessoas que saíram à rua mostram um país que está exausto e revoltado e que este não é um estado de espírito apenas dos jovens, mas de uma larga maioria da população.
Não ver isto e querer colocar esta manifestação no âmbito da mobilização de partidos e de sindicatos é persistir num erro que nos pode sair muito caro.
As imagens da manifestação mostram um país que está vivo, que não desistiu e que tem vontade de mudar o actual estado de coisas, não de uma forma negativa, mas construtiva, como afirmaram muitos dos que foram ouvidos pela comunicação social.
Ficámos a saber, este fim-de-semana, que, afinal, as elevadas taxas de abstenção dos últimos actos eleitorais ou a indiferença com as campanhas políticas não revelam apatia, mas sim uma profunda discordância com os métodos e prática dos políticos.
O modo como esta manifestação vai ser lida nos próximos dias é determinante para o nosso futuro. Ignorar o que se passou é programar uma bomba relógio que a prazo há-de rebentar.

Comentários

RC disse…
Gostei do seu comentário. A ideia mais negativa que se pode ter dum povo é que ele é abúlico, indiferente a tudo. Muitas pessoas criticaram porque esta geração sabia dizer que estava mal mas não sabia dizer qual era a solução. Falamos de quê? Fiscalidade, estagnação económica, preversão de valores culturais básicos, ausência de justiça, prepotência de quem governa... Só Deus poderia numa frase ou num parágrafo explicar a solução pois os problemas são milhares. Mas tal como em 1975 uma multidão acorreu ao apelo do Alm. Pinheiro de Azevedo contra o comunismo que destruia o país tambem agora muita gente acorreu para dizer que há limites para tanta falta de caracter dos nossos governantes. Eu, pessoalmente, tenho 45 anos, defendo o liberalismo económico e tenho muita pena da geração nova ( a dos meus filhos) que deve emigrar se quiser ter algum futuro com independência financeira. Estive na manifestação e vi ao lado da "esquerda festiva" muitas pessoas que não tinham nada a ver com ideologias marxistas, vi famílias com bebes, vi avós a dizer que não era por eles (que já tinham a vida arrumada) que estavam ali, vi muitos cartazes com humor e grande educação num grupo tão heterogéneo de pessoas.É fácil dizer mal de quem toma uma iniciativa mas essas pessoas tão críticas têm soluções? Entre outras coisas, estes simplórios tinham umas folhas em que apresentavam o problema que lhes parecia mais grave. Quem juntar todas as folhas, não vai poder fazer um resumo de certeza. Acabo, referindo um cartaz de que gostei mesmo: Bem pintado, tinha a figura dum porco ( allusão ao Animal´s farm) gordo, com um fato, um relógio de ouro com corrente e um charuto, muito bem refastelado num cadeirão. A legenda: Geração de Abril instalada, malta nova está tramada!

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