Só querem o nosso voto

Hoje, 11 de Fevereiro de 2011 passam 4 anos sobre o referendo que permitiu a aprovação da chamada lei do aborto.
Vem a propósito ler este notável artigo do Con. Nuno Brás que onde faz um juízo político claríssimo e certeiro

Só querem o nosso voto
Pe. Nuno Brás
A Voz da Verdade, 20110206
É, infelizmente, uma constante nas noites eleitorais, já de há algum tempo a esta parte: os comentaristas dão-se conta, alarmados como se fora a primeira vez, de que a abstenção venceu as eleições. Dizem que os portugueses se encontram afastados da política, e mostram-se todos – comentaristas e políticos – muito preocupados. Prometem estes últimos fazer com que a política seja mais próxima dos cidadãos e dos seus reais interesses e necessidades.
Mas, pouco tempo passado, verificamos com tristeza que apenas queriam o nosso voto. Após as eleições, pouco lhes importa o que pensamos, o que queremos e, sobretudo importa muito que sejamos parte de um dos seus dois conjuntos preferidos de cidadãos: daqueles que os apoiam incondicionalmente, ou daqueles que se tornam indiferentes ao que o governo possa ou não fazer. Importa também que não “ousemos” pensar e agir por nós próprios.
Sim, porque depois das eleições, os nossos políticos decidem que passamos a ter um governo “sábio” e “eficiente”, que governa, “pensa” e actua; que nem vale sequer a pena participar na vida pública fora das políticas já decididas (basta apenas pagar os impostos). Decidem que aqueles que não querem participar num daqueles dois grupos (os dóceis ou os indiferentes), não está propriamente proibido, mas que o faça por sua conta, pagando as suas iniciativas e actividades, porque o governo, esse já decidiu e sabe “o que é bom para todos”.
Decidem, sobretudo, que isto se deve aplicar aos crentes: porque o governo tem que ser “isento” em matéria religiosa, e pouco importa se a maioria da sociedade professa uma religião e seja essa mesma maioria a pagar os impostos que permitem ao governo governar. Decidem, aliás, que importa divulgar cada vez mais o laicismo, para que os valores inspirados pela fé não atrapalhem as políticas governamentais.
Escola não pública? “Com toda a liberdade”, decidem os políticos, desde que os interessados paguem essa vontade “incompreensível” de não quererem ser educados de acordo com o pensamento do governo – e, já agora, que não deixem de pagar essa “insensatez” contribuindo também para as escolas onde o governo determina o que deve ser ensinado e aprendido por todos os cidadãos, tornando-os obedientes às modas culturais, formatando-os de acordo com o seu pensamento …
Com este modo de pensar e de agir, será que os nossos políticos ainda acreditam que, da próxima vez, a abstenção não vai crescer?
Padre Nuno Brás

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